INSTITUIÇÃO

História da Santa Casa

Relembrando o passado

Fundação da Misericórdia em Viana

A 27 de Abril de 1521 lembrou-se a Câmara de Viana de mandar pedir ao rei o regulamento da Misericórdia de Lisboa, mais antiga, a fim de verificar se seria de interesse fundar uma Misericórdia em Viana , uma vez que se tratava de uma povoação com boa aptidão para o efeito.

Já possuía algum dinheiro visto que o Marquês, de Vila Real, por carta de 23 de Outubro de 1525, concedeu o donativo 35 mil reis para uma capela da Matriz e para a casa da Santa Misericórdia.

O Senado deliberou fazer a capela e casa da Misericórdia na bemposta de Martim Fernandes ( do Castelo ) por acórdão de 16 de Agosto de 1526 e no principio dela, da parte da Praça , por ser o sítio apropriado para tal , e se erguessem com o dinheiro e esmolas da Misericórdia ( sem ser à custa do concelho ) ao que assistiu o Provedor Bartolomeu Rodrigues ( de Gontim ) e os oficiais Padre João Afonso , escrivão, Gonçalo Lopes e Álvaro Lopes.

Em 1521 serviram de Provedor João Lopes Jácome e de escrivão Martim da Rocha segundo o Padre António Machado Vilasboas.

Nas pautas do Consistório da Santa Casa aparece a mesa que apresentamos servindo no ano 1526 , inscrita no ano 1522.
Por não ser unanime entre os diferentes autores a data da fundação da confraria da Misericórdia , diz Figueiredo da Guerra, que esta terá sido fundada sem dúvida entre 1521 e 1526 e em que se deu o começo à Capela e casa da Irmandade , devendo colocar-se como primeiro Provedor Bartolomeu Rodrigues de Gontim e escrivão o Padre João Afonso , porquanto é certo terem servido em 1526.

A lista do Consistório não dá garantia pelos anos que antecedem a 1527. Porém, o hospital só foi criado em 1586 .

Há variadas razões para não haver unanimidade quanto à data da fundação . Alguns autores referem o ano de 1520 como José Augusto Vieira em o “ Minho Pitoresco “ . Já António Magalhães num volumoso livro intitulado “ Práticas de Caridade na Misericórdia de Viana da Foz do Lima “ indica o ano de 1521 baseando-se , apenas, no diploma legal que reconhecia a erecção da confraria, data da publicação do alvará de D. Manuel I que confirma o Compromisso que iria reger a vida da instituição.

Também Ana Ester Freitas Maciel em o “ Braço do Povo “ cita Manuel da Cunha Serra “ a Misericórdia de Viana tem mantido , porém , até hoje como data oficial da sua constituição, o ano de 1521 ".

Alfredo Faria Araújo
Referências:
Guerra, dr. Luiz de Figueiredo da – Arquivo Vianense , vol. I , 1891-1895, pag. 126 e 127.
Magalhães , dr. António – Práticas de Caridade da Misericórdia de Viana da Foz do Lima, séc. XVI – XVIII, 2013 , pag. 64 a 67.
Maciel, Ana Ester Freitas – Braço do Povo , Dissertação de Mestrado , Abril 2007 , Universidade Católica, Braga, pag. 25 a 29.

O atual edifício da Misericórdia

O primeiro edifício da Santa Casa da Misericórdia de Viana estava em 1557 a ameaçar ruína. Nessa ocasião, o provedor João Jácome Luna apresentou um desenho para um novo e notável edifício com a fachada composta por varandas apoiadas em colunas jónicas, e em torsos humanos e outros motivos decorativos eruditos maneiristas, aceitando influências italianas e do norte da Europa trazidas pelos navegantes.

Este é o edifício que hoje conhecemos e que tem provocado grandes interrogações aos historiadores de arte, principalmente pelo seu carácter único e totalmente desligado da evolução da arquitetura que, na época, se fazia em Portugal, uma vez que não teve antecedentes e não criou escola.

A originalidade deste edifício, que contrasta fortemente com o arcaísmo do vizinho edifício dos Paços do Concelho, foi possível por não ter um carácter religioso, funcionando nele o hospital e a gestão da Santa Casa, uma vez que a capela, embora anexa, lhe era independente.

O conjunto Igreja Hospital foi considerado Monumento Nacional por decreto de 16 de Junho de 1910.

Atividade atual da Misericórdia

Depois de ter albergado nas suas instalações o Hospital Distrital da Misericórdia de Viana do Castelo até 1983, a Santa Casa da Misericórdia gere atualmente dois jardins infantis e três creches, duas Estruturas Residenciais Para Pessoas Idosas.

Acolheu uma família síria refugiada, em 2016, encontrando-se a mesma atualmente integrada na sociedade vianense. Tem também a seu cargo a Rede Local de Intervenção Social – RLIS.