PATRIMÓNIO

Artístico e Religioso

Património

A Igreja de Vila Lobos

Em 1714 também a capela original estava num adiantado estado de ruína. Foi então decidida a sua demolição e construção de uma nova, condizente com a dignidade do edifício entretanto construído e o prestígio que a Misericórdia conquistara na vila. O seu risco foi encomendado ao engenheiro-militar Manuel Pinto de Vila Lobos, que projetou em 1716, tendo as obras terminado em 1722, em apenas seis anos.

O programa Barroco

Simplicidade exterior da igreja contrasta com a exuberância do seu interior que, apesar de ter uma planta simples, de nave única, é um féerico pequeno museu de ornamentação Barroca

Azulejos

As paredes são totalmente revestidas de painéis de azulejos da autoria  de Policarpo de Oliveira Bernardes, um dos principais nomes do ciclo dos mestres azulejistas barrocos.

Representam as 14 obras de Misericórdia ilustradas por passagens bíblicas (as espirituais do lado do Evangelho e as corporais do lado da Epistola) e, no painel do arco central, apresenta uma magnífica imagem da Senhora da Misericórdia que, com o seu manto aberto, protege a humanidade. Foram executados em 1721 e na capela-mor podemos ver a assinatura do autor: Policarpus Oliva Fecit.

Tecto

O tecto é em abóbada, pintado em 1721, ao brutesto, com medalhões que presentam a Santíssima Trindade, a Assunção de Nossa Senhora e a Fuga para o Egipto.

Talhas

O retábulo do altar-mor, bem como os dos altares laterais, são de talha dourada, num barroco pré-joaninho, tendo sido desenhados por Vila Lobos e executados por Ambrósio Coelho, em 1719.

Proporcionam um efeito de simetria, sem que se repitam, a que apenas a última capela do lado do Evangelho foge (esta capela foi instituída pela família Ribeiro Aguilar e terá pertencido à igreja original.

É composta por uma tela representando a Natividade, encimada pelo brasão da família e ladeada por colunas marmoreadas com capitéis coríntios de inspiração renascentista.

Os altares são coroados com sanefas rococó posteriores.

Imagens

Também as mais notáveis imagens desta igreja são barrocas, de que se destacam:
No altar-mor Santa Ana e S. Joaquim e a Visitação de Nossa Senhora a sua prima, Santa Isabel.

No primeiro altar lateral do lado da Epistola, uma Senhora da Boa Morte no seu leito, (ladeada por imagens populares de São João Baptista e uma curiosa imagem de Nossa Senhora da Cabeça, muito venerada em épocas de exames). No altar seguinte, Santa Ana a ensinar Nossa Senhora a ler e, no último altar, uma bela imagem de Nossa Senhora do Porto.

No lado do Evangelho, um Cristo e uma Senhora das Dores, com o seu manto bordado (nos nichos laterais São João Evangelista - muitas vezes como Santo Ovídio, protetor dos ouvidos, pois nesta imagem S. João tem a mão junto ao ouvido, por ter sido o Evangelista que ouviu a palavra do senhor) e no segundo altar um Nossa Senhora do Pilar.

Nos nichos laterais a imagem do Senhor da Cana Verde.

Pintura

A tela do retábulo do altar-mor é da autoria de António Oliveira Bernardes, pai e mestre do pintor de azulejos. Pintado cerca de 1720, representa a Última Ceia, no momento da consagração do pão e do vinho, com a figura de Cristo realçada por um poderoso colorido, que lhe confere uma noção de tridimensionalidade e profundidade (pensa-se que a figura de Judas seja um autorretrato do pintor, pois está junto à assinatura, com o saco de dinheiro, virado para nós, como que numa penitência por ele próprio ter recebido dinheiro para fazer este trabalho).

Na última capela lateral, uma tela com a Natividade da autoria do pintor flamengo Cornelis de Beer, datada de 1632. O efeito de luz é surpreendente, destacando o Menino e Mantendo na penumbra os Reis Magos e os pastores que foram adorar. A cena é rodeada por um grupo de anjos que tocam instrumentos musicais.

No Museu da Misericórdia pode também ver-se uma tábua pintada por André de Padilha, cerca de 1534 que representa a Senhora da Misericórdia e teria sido o Retábulo do altar-mor da igreja original.
Estas três pinturas abrangem três séculos de história de arte e são um testemunho da importância que a Misericórdia de Viana do Castelo sempre deu à cultura e aos movimentos artísticos contemporâneos.

Órgão

No coro alto está colocado um órgão de tubos, feito pelo pé Lourenço da Conceição, em 1721, que usou peças de um instrumento anterior, provavelmente da igreja original.

A caixa de talha em que está instalado também foi desenhada por Vila Lobos.

Para não quebrar a simetria que se sente em toda a igreja, foram construídas duas caixas, a do lado esquerdo da Epístola guarda o órgão e a do lado do Evangelho apenas esconde os foles e até os tubos são de madeira a imitar o chumbo dos verdadeiros.

O órgão foi restaurado em 2009 estando em perfeitas condições de tocar e não podemos esquecer que a música é fundamental para o envolvimento total dos sentidos que o ambiente Barroco procura.
Património

O atual edifício da Misericórdia

O primeiro edifício da Santa Casa da Misericórdia de Viana estava em 1557 a ameaçar ruína. Nessa ocasião, o provedor João Jácome Luna apresentou um desenho para um novo e notável edifício com a fachada composta por varandas apoiadas em colunas jónicas, e em torsos humanos e outros motivos decorativos eruditos maneiristas, aceitando influências italianas e do norte da Europa trazidas pelos navegantes.

Este é o edifício que hoje conhecemos e que tem provocado grandes interrogações aos historiadores de arte, principalmente pelo seu carácter único e totalmente desligado da evolução da arquitetura que, na época, se fazia em Portugal, uma vez que não teve antecedentes e não criou escola.

A originalidade deste edifício, que contrasta fortemente com o arcaísmo do vizinho edifício dos Paços do Concelho, foi possível por não ter um carácter religioso, funcionando nele o hospital e a gestão da Santa Casa, uma vez que a capela, embora anexa, lhe era independente.

O conjunto Igreja Hospital foi considerado Monumento Nacional por decreto de 16 de Junho de 1910.

Património

Conjunto Igreja-Hospital da Misericórdia

Decretado monumento nacional em 1910 este conjunto arquitetónico é composto pelo edifício do antigo Hospital da Misericórdia e pela igreja e pátio que interliga os dois espaços.
Situado no coração da cidade o conjunto tem fachada virada para a Praça da República, a chamada Casa das Varandas, terminada em 1589 e composta por varandas apoiadas em colunas jónicas, e em torsos humanos e outros motivos decorativos maneiristas, influências italianas e do norte da Europa trazidas pelos navegantes.
A igreja foi construída entre 1716 e 1722 apresentando exterior sóbrio, contrastante com a exuberância barroca do interior, risco do Eng.º. militar Manuel Pinto de Vila Lobos.
O interior do templo apresenta paredes revestidas a painéis azulejares da autoria do mestre Policarpo Oliveira Bernardes, representando as 14 obras de Misericórdia. O teto é pintado a brutesco por Manuel Borges e a talha barroca da autoria de Ambrósio Coelho.
Atualmente parte do edifício do antigo Hospital é ocupado pelos serviços administrativos e direção da instituição. Os espaços museológicos estão abertos ao público para visita.
Referências:
Textos de Dr. João Alpuim
Património

Centro de Acolhimento ao Visitante da Igreja da Misericórdia de Viana do Castelo

Reúne pinturas, imagens e objetos de culto que pertenceram à Misericórdia ao longo dos tempos, com destaque para o retábulo de André de Padilha e para as imagens Barrocas de santos.
Referências:
Textos de Dr. João Alpuim
Visita à Igreja da Misericórdia de Viana do Castelo
1 visitante
(Os bilhetes não incluem visita guiada)
As visitas guiadas tem o custo de 2€ para o público geral e de 1€ para o público escolar, em contexto de visita de estudo, com marcação prévia (através do email cultura@scmviana.pt) e dentro do horário normal de funcionamento. 
As entradas cessam 15 minutos antes da hora do fecho.
Desconto de 50% para portadores de Cartão Jovem.
Entrada livre
Prática do culto.
Gratuito para menores até 12 anos, inclusive, desde que acompanhadas por um adulto.
Manhãs do primeiro sábado de cada mês.
Visitantes com mobilidade reduzida com grau de deficiência de 60% e um acompanhante (mediante comprovativo).
Jornalistas devidamente identificados no desempenho das suas funções mediante marcação prévia.
Professores e alunos de qualquer grau de ensino, incluindo universidades seniores , no âmbito de visitas de estudo.
Profissionais de atividade turística em exercício de funções e desde que apresentado comprovativo de registo na RNAAT-Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística.
Membros do Clero.
Irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo.
Peregrinos dos Caminhos de Santiago, portadores da respetiva credencial.
Património

Arquivo

O arquivo histórico da Santa Casa está depositado no Arquivo Distrital de Viana do Castelo, onde foi tratado e pode ser consultado pelo público, tendo o seu catálogo sido publicado.